SAUDADE
Vento, sussurraste um nome! Dizei onde...
Foi para a rosa, o colibri, os arvoredos?
Guardavas de Helena os suspiros - Primos lampejos
Como o sol, tímido ainda, que na aurora se esconde...
Talvez a soma de todos os encantos...
O rubi, a prata! Se o ouro do laurel em mim brilhasse...
O lago que encantou Narciso - Tolo, sua própria face!
Talvez o que procuro seja o pecado abjurado dos santos!
Une pois, a concha e o retalho
Minha vida é feita de sonhos...
Uns, os trazem a vida, outros - Os olhos risonhos!
E se choram, permita-me Afrodite, haurir a bênção desse orvalho!
Anjo, diga que foi a chuva o pranto vertido
O licor da taça, a mancha rubra do beijo proibido
A Noite guarda o pecador do olhar da Impiedade...
Ah ocaso! Tocai ao poente a viela!
Junto à tua luz se vai, a luz dos olhos dela...
Brilha inda uma vez mais, pela saudade!
(Dedicado a uma menina que roubava sonhos...)
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Observação
“viela” - Instrumento medieval antecessor do violino e similar à lira
André da Costa
Enviado por André da Costa em 20/04/2025
Alterado em 21/04/2025