O LÚMEN DA LAMPARINA
Enigmático, taciturno
Foste, e creio eu, doravante
A lembrança do vinho inebriante
Dos lábios, dos beijos, dos rogos à Saturno!
E tombava a ampulheta
Invejando a longevidade dos astros...
Lembrando do riso infanto, campos vastos,
E do adorno de minhas mãos à teus cabelos - A violeta!
Queria cada momento!
E das horas que fugiam
Sicárias! De mim aduziam
Como o poente, impiedoso e lento!
Porém, mais vil que Hades
Deixou-me não sei, se Maquiavel ou Sade
Um gato preto - Olhar azul da turmalina!
Lembra-me o olhar de Atena
Os fios morenos, a meninice de Helena
Intocada, a Rosa Prima!
Na saudade, acaso o olhar no escuro te procure
Não conte aos Deuses minha paixão, jure!
Os olhos infantos eram a luz da lamparina!
=========
Observação
O poema retrata o drama entre um homem e o deus Saturno, que levou embora, nas areias do tempo, a mocidade e juventude d'uma menina, deixando-lhe porém, um gato preto. Uma gata de olhos azuis como a turmalina!
Mas como todo drama é pouco, tais olhos o faziam lembrar dos olhos da menina, que eram para o homem - “a luz da lamparina” (luz de seus olhos)
André da Costa
Enviado por André da Costa em 26/01/2025
Alterado em 27/01/2025