Andre Costa
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PERMITA-ME APENAS
Permita que almeje, tão intenso...
Tua voz, teu cheiro!
A diligência nas mãos do cocheiro
Cortinas negras a velar o ardor imenso!

Permita que prove do vinho
Tinto, doce... Dos lábios
O segredo escondido aos sábios
O toque na tez sob o linho!

Permita que o dia amanheça
Roubando algumas horas apenas
E na luz as formas morenas, obscenas...

... Permita que as toque, prove, sinta!
Mas ante o busto das deusas, jure - Não minta!
Hás de levar a prata
E chorar o último suspiro nas avenas!

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Observação
1 - “diligência” - Está no sentido de “carruagem”
2 - “levar a prata” - Se refere ao pagamento do barqueiro Caronte, que segundo a mitologia grega, carregava as almas dos mortos sobre as águas do rio Estige
3 - “avena” - Antiga flauta pastoral, o texto se refere à última música tocada!
André da Costa
Enviado por André da Costa em 08/06/2024
Alterado em 08/06/2024
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